08 de novembro 2016 / Artigos
A museologia está cada dia mais se especializando para cuidar dos museus e seus acervos. Cursos diversos de graduação, pós graduação, mestrado e doutorado são criados em diversas capitais brasileiras, sem contar com os renomados do exterior.
Um museólogo, ou profissional de museu, precisa estar atento às várias técnicas para a conservação do acervo, divulgação, documentação e ação cultural que dará suporte às diversas exposições anuais. Sem uma documentação em dia, um acervo bem conservado, o profissional fica carente de informações para expor seus objetos e, assim, divulgar a instituição.
Em 1990, quando dirigia o Departamento de Museologia do Museu Eugênio Teixeira Leal, Memorial do Banco Econômico, recebemos um grupo de estudantes do Instituto dos Cegos da Bahia, para uma manhã de Ação Cultural. Na época, recebíamos escolas de Salvador e algumas do interior onde contávamos a história do dinheiro.
Quando D. Silvia Abreu, Diretora do Instituto, agendou a visita fiquei pensando como proporcionar um momento agradável para que eles tivessem realmente a noção do que era contado nas exposições. Nos foi passado que seriam 34 internos com idades variadas de 8 a 15 anos.
Ideias me surgiram na cabeça e resolvi inovar. Separei algumas medalhas, moedas e condecorações e planejei falar para eles e passar de mão em mão para que fossem manuseadas e, com isso, apreendido da melhor maneira. Fiquei preocupada com as minhas palavras, será que iria falar “vejam” “olhem” para pessoas que não poderiam enxergar?
No dia agendado, cheguei cedo ao Museu, repassei o que iria falar e confesso que o frio na barriga estava intenso. Comecei dando as boas vindas, me apresentei, solicitei à equipe que me apoiava para se apresentarem também, expliquei o que era um museu, falei o que eles poderiam vivenciar com a experiência e senti que a ansiedade deles era, talvez, maior que a minha.
De repente, quando falava do acervo, dizia: agora vocês vão “manusear”, agora vou passar de mão em mão uma peça para vocês “sentirem” a forma e o material, e a minha surpresa foi enorme quando constatei que eles mesmos falavam para si e para os colegas frases como: “Nossa! Que peça linda! Eu estou vendo como ela é bonita! Fulano, olhe esta que está comigo, veja que é mais bonita que a sua”. E os comentários aumentaram tanto que eu tive certeza que eles podiam enxergar com os olhos do coração.
Fiquei uns dias ainda emocionada, e até hoje quando relembro sinto a emoção. Dias depois, o Diretor da Revista do Econômico, do Departamento de Marketing, me ligou e me falou que eu iria ter que ir ao Instituto dos Cegos para refotografar com a turma, perguntei logo a ele: as fotos ficaram ruins? E ele me respondeu: “Não, o fotógrafo Abdias Alves ficou tão emocionado com o que presenciou que se esqueceu de tirar as fotos!”.
Voltei lá e quando falei para o grupo que nos visitou todos, sem exceção, conheceram a minha voz sem que eu dissesse o meu nome.
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